Ciúme excessivo : Uma tragédia nada romântica
- Minapsicologa
- 5 de jun. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 20 de jul. de 2019
PSICÓLOGA JANAINA MIRANDA
CRP 06/152048
O ciúme não é um sentimento estranho, todos conhecemos/vivemos ele de alguma maneira. Na literatura os romances, costumam vir carregados de exemplos. Ou, nas crônicas policiais que trazem à tona a versão patológica / doentia deste sentimento. Primeiramente é importante ressaltar que existe um ciúme comum, e até saudável para manutenção da relação, já que possuímos apreço pela pessoa amada.
É comum passar por situações, ou melhor, ter pensamentos que envolvam a possibilidade de perda. Não é só o término que machuca. Mas, também acreditar que isso pode vir acontecer. É a antecipação. O sentir que pode não ser o suficiente para o outro, é o medo do abandono.
‘’Cuidar do que é meu ‘’? é uma frase muito usada quando o assunto é ciúme, porém tenhamos em mente que não se trata, exatamente do cuidar do outro, mas cuidar para que não perca o outro.
Ciumes em doses pequenas, demonstra o ‘’ importa-se ‘’ com o parceiro(a) e a relação que estabeleceram
Vejamos exemplos de situações normais:
- Você se sente incomodada(o) com uma situação, na qual a pessoa amada está conversando com uma alguém que já se interessou por ele/ela. Isso incomoda, gera desagrado. Sua resposta é marcar presença, participar da conversa e depois conversar, expor sua opinião sobre o acontecido
- Sente-se enciumada, quando o outro não oferece atenção, ou no momento que está claramente sendo colocada(o) como última opção.
- Tristeza, pelo término de relacionamento
Está claro que amar alguém, traz ansiedade e uma nota de insegurança, nada absurdo para o ato de mar. Porem, existem travessias em fronteiras perigosas de sentimento.
O ciúme quando é normal, cada vez mais é comemorável. Quando é doentio, é ultrapassado Não pode ser admirável.
Esse ciúme tem que ser descartado.
JOSÉ MARIA AMARANTO
Afinal, quando o que é dito amor, se torna instrumento de opressão e sofrimento, marca a passagem de uma história romântica, para um filme de terror, perseguição, medo e obsessão, que pode levar a morte.
Geralmente, as pessoas tendem a normalizar esse comportamento, no sentido de afirmar que é só o ‘’ jeito dele ‘’. ‘’ fica agressivo(a) por causa da paixão’’. Ou seja, vai justificar as ações da pessoa ciumenta de diversas formas possíveis, em outras situações vai se sentir sufocado.
Porque este ciúme, vai começar a ser um pequeno ditador, controlando e submetendo.
Exercer o controle torna-se a maneira que o ciumento encontra, para fiscalizar e ‘’ prevenir ‘’ a traição. Está ligado em possibilidades absurdas e perturbadoras que torturam ambos
EMITEM COMPORTAMENTOS COMO:
- CONFERIR OS BOLSOS
- CHEIRAR AS CAMISAS
- DECIDIR COM QUEM VOCÊ PODE SAI
- DECIDIR COM QUEM VOCÊ PODE CONVERSAR
- CONFERIR O LADO DA RUA QUE VOCÊ ESTÁ OLHANDO
- LIGAR O DIA INTEIRO
- COLOCAR RASTREADOR NO CARRO
- BUSCAR VOCÊ SEM AVISAR, APENAS PARA PEGAR DESPREVENIDA( O)
- ‘’ SISMAR ‘’ E AFASTAR TODOS A SUA VOLTA, INCLUSIVE A FAMÍLIA
- MONITORAR SUAS REDES SOCIAIS
- ESCOLHER A SUA VESTIMENTA
- Proibir ATIVIDADES
- LIGAR NO SEU TRABALHO
O sujeito que emite os comportamentos do ciúme patológico, seja ele homem ou mulher, passa a não viver sua própria vida, é tudo em função do outro, como um vicio em drogas, ‘’corre em seu sangue uma substância toxica chamada obsessão’’. Ocupando todos os seus pensamentos.
O relacionamento passa a ser destrutivo, com um sentimento tão intenso de posse. ‘’ é MEU!’’. ‘’NINGUÉM TOCA, OLHA OU RESPIRA NO QUE ME PERTENCE’’. EPA! Percebem que isso não é normal? vamos refletir de uma vez por todas, a nossa cultura exalta uma visão muito romântica do ciúme . Dificultando a descoberta dessas características como uma doença.
O ciúme patológico pode chegar a diferentes intensidades, desde minar a relação nutrindo-a de forma nociva, e em alguns casos levando diretamente a formas de violência gravíssimas(fatais).
A morte pode ser a estação final, dessa jornada perigosa.
O ciumento em demasia pode passar por diversos sentimentos, inclusive pela raiva e ódio contra o objeto de sua obsessão, quando este contraria os seus desejos, ou se afasta (termina o relacionamento).
O temor de perder aquele que julga ser seu, leva o sujeito ciumento patológico a realizar ações punitivas, para combater aquilo que o seu delírio julga acontecer. Quando esse ciumento é delirante, acredita em suas ilusões e isso pode levar a morte.
O ciúme excessivo em seus diferentes níveis deve ser tratado. Busque ajuda!!.
Finalizarei o artigo com o trecho de um livro, que achei extremante relevante e que nos transporta para uma visão do amor, sem que o outro seja o objeto de posse.
Pessoas não pertencem a ninguém além de si mesmas. E a beleza da coisa está aí. Elas nunca pertencerão, mas podem - e vão - escolher alguém para dividir as aventuras. A insegurança sempre nos faz querer, ter, precisar, possuir, colecionar coisas ou pessoas, mas não seria melhor, em vez de possuir alguém, ser escolhido por esse alguém e ter a escolha também? Como iguais, como os dois seres ímpares que são, mas com o mesmo desejo de se tornarem um par indivisível?
No mundo de Luna - Carina Rissi
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